quarta-feira, 30 de março de 2011

OBINRIN WA!

”Minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar, meu bem querer”, esse pequeno trecho da canção de Dorival Caymmi demonstra um pouquinho do caminho que, a Companhia de Investigação Teatral Minha, Nossa!, desde agosto de 2010, em sua nova formação, tem percorrido. Com o processo de investigação para a montagem de Kaleitus (peça teatral de Gero Camilo), nova produção da companhia, iniciamos as pesquisas sobre o Candomblé. Nosso ponto de partida foram os mitos dos Orixás, o entendimento de suas ligações com os quatro elementos, com a natureza e suas essências espirituais, que resultaram na preparação cênica de performances artísticas dos integrantes do grupo, os quais têm desenvolvido nos encontros treinamentos direcionados ao aprimoramento da voz, da interpretação e, também, do corpo. 

As performances, por sua vez, inspiraram a elaboração de cordéis feitos com recortes de jornais e revistas, que com o decorrer dos encontros e nosso encantamento pelo estudo transformaram-se em experimentações plásticas que aqui expomos.
Entender o universo do Candomblé, foi uma intuição, vista como necessidade para o crescimento e a aproximação do grupo com a arte livre de preconceitos e total em sua essência. 

Tudo isso é uma pequena centelha do trabalho que temos pela frente: a montagem de Kaleitus, o resgate histórico da comunidade onde estamos inseridos, a formação de público, o crescimento artístico e profissional dos nossos integrantes, a quebra da *quarta parede são, atualmente, nossas metas e, de fato, esse momento é o nosso primeiro passo!
 
Que os bons ventos estejam com todos!
 
Filipe Macedo


Parede imaginária situada na frente do palco do teatro, através da qual a plateia assiste passiva à ação do mundo encenado. A origem do termo é incerta, mas presume-se que o conceito tenha surgido no século XX, com a chegada do teatro realista.  



Onde: Biblioteca Monteiro Lobato
Av. Marechal Ronben, 260 - Centro - Osasco 
Quando: 26/03 até 16/04

quinta-feira, 10 de março de 2011

Mesmo quando a boca cala

Mesmo Quando a Boca Cala

5 a Seco

Foi você me olhar de lado e eu ao lado doido para confessar
Mesmo quando a boca cala o corpo quer falar
Esses gestos incompletos, olhos tão repletos de te desejar
O direito de ir e vir, o desejo de ficar
Tudo isso pra dizer que eu não sei dizer onde é que isso vai dar
Que eu não mando no querer, aliás, é o querer que quer me governar
Hoje eu vivo pra dizer, eu digo pra viver, você é meu lugar
Se o amor não nos quiser, então azar do amor, não soube nos amar..



Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=u41y7xU1OFs
Fonte: http://www.vagalume.com.br/5-a-seco/mesmo-quando-a-boca-cala.html#ixzz1F78C93pM

terça-feira, 1 de março de 2011

A Linguagem da Encenação Teatral Capítulo V: A metamorfose do Ator

Fonte: joamilabrito.zip.net
Separados por tópicos, o capitúlo aqui estudado visa a melhor compreensão do mesmo.


1. Teatro Pobre: Basta levar a expressão ao pé da letra. Quando nos referimos a esta idéia, são descartados todos os tipos de objetos em cena, como figurinos, cenários, música, iluminação, etc. Aliás, até mesmo o texto e o público são descartáveis. Sim, é loucura, e tal idéia surgiu de uma mente não menos brilhante de um polonês conhecido como Jerzy Grtowski (1933 —1999). Vale ressaltar que Grotowski admirava Antonin Artaud (1896 — 1948) e, por isso, criou o teatro pobre, como já dito, além de acreditar que o teatro não foi feito para quem quisesse diversão, mas para quem o desejasse.

2. Surgimento do Encenador:
No final do século XIX, surge o encenador, mas com papel de diretor. Esta idéia gerou polêmica entre os atores, pois os mesmos eram livres, ou seja, eram seus próprios diretores. Mas acrescentar um diretor só favorecia, visto que o mesmo poderia ter a visão de outro ângulo – o de fora – e poderia organizar as idéias com mais clareza. Para os atores, isto era uma autocracia, e não era atraente.

3. Mudança de Técnicas:
Os gestos precisos são trocados pelos gestos reais (naturais). Um nome notável de uma personalidade que defendia o real/natural é Constantin Stanislavski (1863 —1938).

4. Teoria do Teatro Épico:
Um exemplo notório é Charlis Chaplin, cujo objetivo é criticar. Desta teoria, surgiu o conceito do “Efeito V”, que defende a idéia de que o ator não se identifica com o personagem. A vida é uma coisa, e o teatro é outra. A linearidade não existe, afinal o passado e o presente se misturam sem nenhum nexo. O ator não deve envolver-se na trama, caso contrário uma visão crítica do público e do ator não seria despertada. O conceito resume-se em uma frase: “Não viva um papel: represente-o.”

5. Stanislavski e seu elenco:
Para Constantin, todos eram valorizados e tratados da mesma forma, desde o iluminador até mesmo o ator principal. Honesto, sim. Mas este tipo de igualdade e liberdade gerou amadorismo, irresponsabilidade, falha de senso artístico, gerando baixa qualidade de encenação.

6. Monstros Sagrados:
Este era o adjetivo a todos os atores que se diferenciavam dos outros por suas habilidades transcendentais. Eles eram autênticos, sem regras, praticamente um tipo de metamorfoses ambulantes. Era exibicionismo puro, mas não deixava de ser belo. Os monstros sagrados não permitiam intervenções dos diretores em suas atuações, pois tudo o que era exposto por eles vinha puramente de seus instintos e sentimentos, ou seja, eles expunham tudo o que verdadeiramente sentiam. Edward Gordon Craig e Stanislavski não gostavam disso. Para Craig, os impulsos não são confiáveis e o ator jamais poderia se confundir com o personagem, afinal são seres distintos e não há sentimentos entre os dois.

7. Diferenças entre Craig e Stanislavski:
Craig rejeita a emoção, Stanislavski não. Segundo Craig, o espectador não pode apegar-se ao personagem, mas questioná-lo. O espetáculo não imita a realidade, mas permite enxergá-la. Stanislavski expõe seu pensamento em uma frase que o explica bem: “O teatro destrói a harmonia. Abaixo o teatro! Viva a harmonia!”

8. Craig e a Supermarionete:
O sonho de Craig era construir um tipo de marionete humana, onde qualquer tipo de reação ou movimento, por mais minuciosos que se apresentassem, fossem controlados (como uma marionete). Mas seu sonho era impossível. E o é até hoje, pois o ser humano é incapaz de tal façanha. Isso acabaria de vez com o exibicionismo. Craig era apaixonado pela Comédia Dell’Arte e, para ele, esta sim era o verdadeiro conceito de teatro.

9. Artaud e o Teatro da Crueldade:
Antonin Artaud acreditava que o ator e a platéia eram uma coisa só. Seus espetáculos constituíam por gritos, sombras e músicas: era a representação dos sonhos e mistérios da alma. Os diálogos dos atores resumiam-se em ecos e ressonâncias.

Atualmente, as habilidades são dispensáveis quando se tem exuberantes linhas e curvas corporais: Vedetismo. Percebe-se que, neste ir e vir de formas e conceitos, estilos e manipulações, o ator tem um leque de opções para seguir todos os estilos teatrais.


Gabrielle do Vale