domingo, 10 de outubro de 2010

Como ver, mas não com os olhos?


Cada mínimo passo é um grande passo. Cada milímetro de movimento é um kilometro de intenção. Quanto mais um órgão do sentido se manifesta dentro de nós, mais deixa outros mais e mais aguçados. Como é bom ver com os olhos da alma! É uma percepção indescritível e inimaginável. A mais hábil águia, que enxerga ao longe, mas somente o faz quando está com fome. Nós não! Vemos sem nada esperar em troca. Observamos apenas pelo prazer de observar. Detalhamos, às vezes, pelo simples prazer de criticar. Às vezes! Mas olhamos! Olhamos com os olhos do coração. Nós, atores, sentimos na alma, coisas que não poderíamos sentir em 40 vidas. Simplesmente pelo mérito de podermos viver 40 vidas ou mais, em apenas uma vida.

É por isso que nosso olhar é tão detalhista e tão... olhar. Não é só ver e deixar que, despercebidamente, a imagem se esquive da memória. Não! Por toda parte que olhamos, vemos um individuo que poderia ser nós mesmos. Vemos um individuo que, se não o formos na vida real, o seremos no palco. E se não o seremos, levaremos dele aquele simples olhar, que o caracteriza como tal.

Como é bom olhar com os olhos! Mesmo que seja o olhar de um cego!

Vagner de Alcântara

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