Continuando com o estudo, vamos falar aqui do 6º e último capítulo da primeira parte desse livro.
Depois de estudarmos os cinco primeiros capítulos que abordaram:
- Ação física
- Circunstâncias propostas
- Se mágico
- Círculo de atenção
- Visualização das falas
O que vem a ser isso?
Segundo Kusnet, esse termo intitulado por ele é o mesmo intitulado por Constantin Stanislavski como SUTEXTO.
Stanislavski explica que Subtexto é A VIDA DO ESPIRITO HUMANO DO PERSONAGEM QUE SEU INTÉRPRETE SENTE ENQUANTO PRONUNCIA AS PALAVRAS DO TEXTO.
Para deixar isso mais claro, Kusnet aprofunda-se nesse termo dizendo O SUBTEXTO É TUDO AQUILO QUE O ATOR ESTABELECE COMO PENSAMENTO DO PERSONAGEM ANTES, DEPOIS E DURANTES AS FALAS DO TEXTO.
Por que digo que Kusnet foi mais profundo? Porque o Subtexto ou Monólogo Interior é o pensamento do personagem.
Alguma pessoa, por algum motivo, parou de pensar? Isso é impossível.
Partindo desse principio, faço uma reflexão.
Tirando como exemplo atores em começo de estudo, assim como eu fui, quando não conhecia o método, pensava que ser ator é quando se fala. Quando outro personagem estava falando não sabia o que fazer e ficava imóvel, sem atitude e sem emoção. Quando voltava minha vez de falar, me enaltecia inexplicavelmente e declamava meu texto, voltando à posição inerte ao seu final.
Agora sei que isso não é atuar. Isso é declamar texto.
O espírito e o pensamento humanos não param, estejamos nós falando ou não.
Unindo as duas definições, de mestres ícones do teatro mundial, acho que subtexto ou monólogo interior é O PENSAMENTO E A VIDA DO ESPIRITO HUMANO DO PERSONAGEM QUE SEU INTÉRPRETE SENTE ENQUANTO VIVE ESSE PERSONAGEM,
Ou seja, nada mais é que a exteriorização de todos os pensamentos do personagem, em forma de ação física ou de linguagem falada.
Mas devo dizer que alguns atores exibicionistas, mesmo depois de anos de estudo, não criam o Monólogo Interior, com o argumento de que isso não será mostrado ao público. Partindo desse principio, todos os pensamentos, os problemas, os conflitos do personagem não estarão sendo tomados como se fossem desse ator. Sendo assim, este jamais será um ator. Como disse anteriormente, será apenas um declamador de texto.
É exatamente por isso que fiz toda essa dissertação sobre esse capítulo, que é de suma importância para o estudo dramatúrgico e poucos lhe dão o devido valor, porque, como disse o ator exibicionista citado acima, “por que criar tudo isso se não será mostrado ao público?”
Kusnet afirma que o Monólogo Interior só pode ser conquistado através de improvisações feitas pelo ator, pois não se pode chegar até ele de forma racional. De forma racional pode-se criar caminhos.
- Dentro das Circunstâncias Propostas e fazendo a Leitura Lógica, trace como está a parte emocional do personagem.
- Realize improvisações partindo do que foi assim assimilado pelo raciocínio.
Depois de realizadas as improvisações, podemos chegar ao tão esperado Monólogo Interior, mas, ao conscientizá-los, chegaremos a outro estágio mais aprofundado, que o autor chama de FALAS INTERNAS.
Confuso? Que nada! É só nomeação do que você já sente.
Monólogo Interior já explicamos o que é.
Falas Internas são as falas que precedem as falas oficiais criadas pelo dramaturgo.
Sendo assim, se o texto é criação do autor/dramaturgo, o Monólogo Interior e as Falas Internas são obras exclusivamente do ator.
ENQUANTO NA SUPERFÍCIE ESTÁ SE DESENROLANDO O TEXTO, EM ÁGUAS SUBAQUÁTICAS ESTÁ A CORRENTE DO SUBCONSCIENTE DO PERSONAGEM.
No livro o autor cita vários exemplos tão geniais, que fica inconcebível pra eu resumi-los aqui.
Apenas posso resumir que:
1º - Macro - compreender o raciocínio do personagem através Circunstâncias Propostas e o Se Mágico, chegando ao Monólogo Interior.
2º - Micro – estabelecer, em linguagem falada, mesmo que não seja falada, as falas que precedem o texto. Assim serão as Falas Internas passando a seguir para as falas do personagem.