sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brincando de Profeta

Imagem: Jean Saudek

Ei, e se eu te disser que sei o que se passou com você? Tudo bem, não se preocupe, eu não preciso tocar em sua mão, muito menos te questionar: seu rosto é o que irá te denunciar, inteiramente. Quer que eu fale da sua vida? Ou do seu dia? Escolho falar do seu domingo.
Você acorda cedo. Queria dormir mais, mas despede-se da tão deliciosa cama. Às vezes não toma café; simplesmente sai de casa rapidamente com as suas roupas mais flexíveis. As ruas estão desertas ou mais silenciosas do que o habitual. Sossego?
Chegando ao seu destino, você vê o portão fechado. Bate um desânimo, porque não há ninguém a te receber. Então você observa os carros e os cães que passam. Minutos depois chegam os outros, e então acontece o que mais te faz sorrir: a troca de milhares de beijos e abraços.
Todos se sentam e conversam, você ri e os observa. Em instantes, a brincadeira responsável começará. Exercícios! Voluntários! Textos! Cadeiras! Piadas! Amigos!
De forma anormal, o tempo voa apressadamente, como uma andorinha sem vergonha que esqueceu-se do inverno. O relógio toma forma de carrasco, não aquele que mata e sim o que desperta para o viver meio... vazio, talvez desgastante.
E então você, antes de ir embora, beija seus amigos e os abraça novamente, desejando que todos tenham uma boa semana. Legal, você até pode contestar - e com razão - que não há nada profético nisso. Pode até mesmo complementar: "Ora, tudo é óbvio demais! Diga-me então não o que fiz, mas o que farei quando chegar em casa".
Sim, eu diria, se pudesse estar com você nesse momento.

Gabrielle do Vale

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