segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sétimo capítulo

Tempo-ritmo

Kusnet começa este capítulo com uma observação muito interessante sobre comentários comuns de se ouvirem nos bastidores e no fim do espetáculo: “O espetáculo não é mau, mas falta ritmo” ou “Essa cena precisa de muito mais ritmo!” Mas o que raios vem a ser esse ritmo para o teatro?

O ritmo, no âmbito musical, se trata do “agrupamento de valores de tempo combinados por meio de acentos; organização do movimento dentro do tempo com volta periodica de tempos fortes e tempos fracos, num verso, numa frase musical, etc”, enquanto que para as artes plásticas e na prosa o ritmo se trate de uma “harmoniosa correlação das partes”. O tempo apontado como item principal do ritmo, para nós é considerado como a velocidade do ritmo. Para demonstrar a necessidade da união dos dois termos Stanislavski utilizava o termo tempo-ritmo. Para demonstrar a necessidade da união dos dois termos Stanislavski utilizava o termo tempo-ritmo.

O tempo e ritmo, que segundo Stanislavski, devem caminhar juntos, formam a “canção” no palco. Com eles conseguimos traçar uma “melodia” para o texto, estabelecendo uma relação confortável do espetáculo com o público.

Mas o que seria essa melodia no palco?

O ator é que vai ditar como será o andamento da peça. Através do seu corpo, da sua entonação vocal, do andamento que é dado para cada cena. O ator terá de fazer com o espetáculo o que Beethoven faz em sua ópera: Suas obras são cheias de nuances, onde acontecem trechos rápidos e lentos, fortes e menos intensos. Assim também deve ser o trabalho do ator. Ele deve ter a percepção nos estudos de como deve ser o andamento daquela cena, qual a intensidade que deve ser colocada naquela cena, naquele corpo para conseguir atingir o objetivo daquele momento. O conjunto de “intensidades” ditam qual será o rítmo desse trabalho. Claro que, assim como na música, esse ritmo tem que estar em harmonia com o todo. Não se pode fazer uma cena que destoe de outra. Assim o todo se apresenta de forma sinuosa, passando pelos momentos altos e em momentos menos altos. O que é importante frisar é que mesmo nesses momentos “baixos” a energia tem q ser a mesma, a presença do ator em cena não cai. O ritmo do ator vai refletir diretamente na platéia, ou seja, um ator que está fora do compasso da “grande orquestra”, pode comprometer a peça inteira deixando a platéia eufórica demais ou sonolenta.

O uso da música em cena pode ser utilizada para criar o ritmo da cena, ou pode-se fazer o inverso, onde o ritmo da cena define como será a musica.

O capitulo ainda fala sobre o tempo-ritmo simples e composto, que nada mais é do que os conflitos da personagem, onde simples se enquadra em quando a personagem tem apenas um objetivo naquela cena (ficar serena por exemplo) e composto para situações de conflito de realidades, sendo elas as realidades objetivas e subjetivas. Kusnet dá o exemplo de uma mulher que vende frutas sob um sol escaldante. Sua realidade objetiva dita seu ritmo (lento, cansado), porém a realidade subjetiva é a necessidade de vender o quanto antes suas frutas, o que faz ela gritar alto e alegre, mesmo com todo o cansaço.

Podemos dizer que o tempo-ritmo é um dos itens mais importantes no andamento da peça, afinal, é ele que refletirá diretamente na reação do espectador.

Por Veronica Alencar e Rosangela Sierra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário